quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Reality-show


Cinco homens, de assumida orientação homossexual, vão procurar mudar a imagem de um heterossexual, com vista a ajudá-lo a melhorar a sua relação com a mulher ou a namorada. O programa, um "reality-show" com origem nos Estados Unidos, de que a SIC comprou os direitos, intitula-se "Queer Eye for the Straight Guy", na sua versão original, e foi galardoando com um Emmy em 2004.

Segundo a estação de Carnaxide, a versão portuguesa do Queer Eye... já se encontra em pré-produção, que incluirá um estágio dos produtores na Scout Productions, a produtora da versão norte-americana. Ainda não existe data para a estreia, que deverá ter lugar até Junho, explicou uma porta-voz.

Na versão original, exibida nos EUA no canal por cabo Bravo, a equipa dos "cinco magníficos" vê-se a braços com a tarefa de "construir um homem heterossexual melhorado" em poucos dias, a pedido expresso da sua "mais-que-tudo" (os candidatos à melhoria de imagem são inscritos no programa pelas suas esposas ou namoradas). Cada "gay" que participa no programa é especializado numa área, levando os participantes uma ensaboadela sobre moda, decoração, beleza, cultura e gastronomia.

Por cá já se têm feito os primeiros contactos. O actor Manuel Abreu, que foi director artístico da peça "2001 - Odisseia das Barbies" (que também integrou), admitiu ter sido contactado pela SIC, tendo-se mostrado disponível para o lugar de especialista da vertente cultural. "Toda a gente sabe que sou homossexual, mas não vou fazer disso uma bandeira", sublinhou o actor, em declarações ao jornal "24 Horas". O estilista Nuno Gama também foi sondado. "Foi uma conversa informal", revelou ao mesmo jornal.

A série, constituída por 12 episódios de uma hora de duração, tem tido sucesso nos países anglo-saxónicos, mas tem criado polémica nos países mediterrânicos. Segundo a agência Reuters, a versão italiana do programa ("I Fantastici 5"), exibida em horário nobre no La 7, teve apenas dois por cento de "share". O programa despertou fortes reacções de uma associação de pais, que acusou a estação televisiva de retratar a homossexualidade "como uma coisa bela e desejável".

Segundo a Scout Productions, o programa, originalmente criado por David Collins (homo), e desenvolvido por David Metzler (hetero), representa "uma união de sensibilidades" que lhe dá "profundidade, humor e garra". A produtora encontra-se actualmente a preparar a versão feminina do programa.
Filipe Rufino