sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Deambulando pela estrada da vida o solitário não requer atenção, amabilidades e lisonjas.
Caminha só com os seus pensamentos – se é que isso significa caminhar só –, meditando e procurando o início nebuloso da sua inadaptação pelo mundo, ou o dealbar da incompreensão dos demais para com as suas atitudes.
Desde novo sempre ouvira dizer – sendo agora a sua real certeza – que um grupo manifestamente grande de ouvintes nunca se poderia constituir como um grupo medianamente distinto para se fazer ouvir.
A multidão ensurdece-se na ânsia egoística de se fazer notar, putativamente com o declarado desejo de auxílio ao seu irmão desamparado.
É só barulho, confusão, estridência e interesse!
Vai, caminha!
Leva contigo os teus pensamentos.
Não os partilhes, procura em ti o estado de meditação plena que te leve a conheceres-te melhor. Não cedas! Procura e encontrarás!
A catarse chegará, inesperadamente, num cerimonial de pura seda. Leve como uma pluma. Reconfortante como água que corre instintivamente nos riachos afoitamente estrangulados pela Mãe.
De súbito, libertar-te-ás dos teus medos, preconceitos e incompreensões.
Só sentirás o fino sibilar do vento nos teus ouvidos, outrora impregnados de lições doutas, de fanfarronices e de conselhos vazios, auto enaltecedores de quem os proferia.
Não preconcebas a existência do alguém que te acompanha.
Esse alguém, mesmo que infinitamente bom, deixar-te-á só quando o limite da sua compreensão se exaurir perante a distracção do ruído exterior.
Dos conselhos vãos.
Do preestabelecido como rumo certo.
Da sua própria forma de introspecção.
Estás solitariamente acompanhado.
Busca a tua força interior.
Alcança o conhecimento de ti mesmo.
Só assim, meu caro hospedeiro, compreenderás o mundo à tua volta