quinta-feira, janeiro 12, 2006

Lição do Professor

poderosa
Homem não tem que fazer tipo. Entenda seu próprio estilo e busque as apreciadoras daquele estilo. Essa é a forma mais fácil de tudo dar certo na cama. O Alexandre nunca fez carinha de sensível. É um cara meio complicado, provoca polêmica com o vento. Durante um tempo ele deu aula na mesma faculdade que eu. Seu visual bastante jovem e esportista causava uma imagem errada nos alunos, que se sentiam quase iguais a ele.
Isso por pouco tempo. O Alexandre é um gênio, qualidade percebida em segundos até por um idiota. De uma disciplina assustadora, foi sempre excelente em tudo que fez. Excelente mesmo. Na escola era primeiro colocado todos os anos, passou fácil no vestibular, era atleta premiado, tem várias pós-graduações, uma carreira irretocável, um currículo de conquistas femininas esplendoroso. Deu aula em faculdade na busca por novos desafios.
Desafio mesmo quem teve fui eu. De cara notei seu jeito de quem transa bem. Não há razão pra alguém que faz tudo bem, não transar bem. Se bem que eu nem sabia quem ele era. Só ficou claro que era bom de cama. Toda mulher costuma sentir quando o homem manda bem.
Na primeira olhada mais comprida vivi com exatidão o buraco negro me envolvendo. Eu no meio do nada. Ele me olhou como se não me visse. Um cara que sempre teve o que quis, nunca precisou de ninguém querer dar nada pra ele. Isso era uma coisa que eu iria mudar. Uma vez ele ia ter algo no colo, bem fácil, sem o menor esforço.
Passaram-se meses sem que eu existisse. Até meu tesão estava menor em outras transas. O Alexandre me ignorava. Sua fama de professor duro se multiplicava na faculdade. Tão jovem, tão temido. Lembro do dia em que entrei na sala dos professores e vi uma aluna implorando por pontos. Era a Alessandra, a menina mais bonita de toda faculdade. Morena de cabelos compridos ondulados, bronzeada de sol, eternamente bem vestida com suas poucas e caras roupas. Notei que o olhar para ela era diferente.
Alessandra tanto que fez que não levou. Para não criar constrangimento, fui para o outro lado da sala. Ela tentou de todos os argumentos verbais, estava realmente inconformada. Ele não arredou pé da nota. A menina saiu da sala fula da vida. Alexandre teve que se esforçar muito para não ceder aos encantos da menina, que, pelo menos explicitamente, não se ofereceu a ele. Por pouco ele não condiciona a nota a algum outro tipo de agrado. Quase o homem perfeito se desmonta.
O fato de estar fora de seu equilíbrio me servia. Levantei fingindo ver algo pela janela, olhei para ele e percebi algo além da cara de pateta com que ele continuava a olhar para a porta. O volume nas calças. Quem perdeu a linha fui eu. Resolvi pegar carona no tesão despertado pela aluna. Tranquei a porta da sala sem cerimônia e falei para ele: "Você é muito duro". Ele ficou calado, tentando atrair algum arrependimento. Eu me abaixei e peguei o "duro" com as duas mãos.
Ele se contorceu por uns segundos. Encostei no ouvido dele: - Você não é fodão? Não é? Mostra agora que é. Eu já estou pronta, falta agora só você manter a sua postura de sabe-tudo e fazer o que quiser comigo.- Eu vou te levar pra um motel agora e te comer toda, sua louca - disse, tentando convencer a ele mesmo que havia recomposto sua aura de poderoso imbatível.- Seu merdinha, você vai me comer aqui mesmo.
Abri as calças e usei a boca de uma forma que não permite contra-argumentos. Senti quando o Alexandre recuperou a sua auto-estima. Foi mais ou menos quando bateram na porta pela primeira vez. O homem é um vitorioso, me tomou em glória. Quanto mais batiam na porta, mais louco ficávamos. Caímos perto da porta já com os corpos em um só. Para escoar tanto prazer, eu esmurrava a porta com todas as minhas forças. Do lado de lá pediam calma, que já iam conseguir abrir.
Foram os dez minutos mais intensos da minha vida. Só papai-mamãe. O pouco é muito quando bem feito. Até hoje sinto aquele corpo entrando em mim. Levantamos, peguei a chave da porta e escondi segundos antes de abrirem. O Alexandre estava no banheiro, de onde saiu muito tempo depois. Eu estava sentada no chão arrasada, com a cabeça abaixada entre as mãos. As pessoas que entraram correram para me socorrer.
- Coitada, eu também sou claustrofóbica, sei como é esse desespero.
Eu saí enquanto o Alexandre estava no banheiro. Nossos horários nunca coincidiram e agora não havia mais razão para forçar barra nenhuma. Quando ele me vê de longe, encurva um pouco. Ele continua sabendo que é excelente, mas a poderosa sou eu.