segunda-feira, março 13, 2006

Do Desejo


Colada à tua boca a minha desordem.
O meu vasto querer.
O incompossível se fazendo ordem.
Colada à tua boca, mas descomedida
Árdua
Construtor de ilusões examino-te sôfrega
Como se fosses morrer colado à minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnânimo
Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer.

Hilda Hist

3 comentários:

Anonymous Anônimo diz que...

Olha que grande avaria.

Qualquer um nascia ... crescia ...
esvaía-se...

março 13, 2006 9:55 AM  
Anonymous Anônimo diz que...

Ser a atmosfera
que respiras,
conter-te em mim
como numa redoma,
entrar-te pelo olfato,
assim como as aspiras
invisíveis, do aroma...

Ser teu ambiente,
ser teu espaço circundante,
sentindo em mim roçar,
constantemente,
teu gesto palpitante...

Ser o silêncio
em que te enfurnas,
guardar teus
lentos pensamentos,
pelas horas noturnas...

Ser o teu sono,
sentir-te assim
como ninguém te sente
– abandonado
completamente
completamente esquecido
em mim...

Oh! meu prazer!
– sentir-te
e penetrar-te;
– em toda hora,
em toda parte,
gozar teu ser!
Sem que
o pudesses perceber;
– ser por ti absorvida;
– encher com minha vida
a tua vida?

Gilka Machado

março 13, 2006 10:40 AM  
Anonymous Anônimo diz que...

Paxaxita:
Um poema espetacular em que o desejo transborda:

"Dormi contigo toda a noite
junto ao mar, na ilha.
Eras doce e selvagem entre o prazer e o sono,
entre o fogo e a água.

Os nossos sonos uniram-se
talvez muito tarde
no alto ou no fundo,
em cima como ramos que um mesmo vento agita
em baixo como vermelhas raízes que se tocam.

O teu sono separou-se
talvez do meu
e andava à minha procura
pelo mar escuro
como dantes,
quando ainda não existias,
quando sem te avistar
naveguei a teu lado
e os teus olhos buscavam
o que agora
- pão, vinho, amor e cólera -
te dou às mãos cheias,
porque tu és a taça
que esperava os dons da minha vida.

Dormi contigo
toda a noite enquanto
a terra escura gira
com os vivos e os mortos,
e ao acordar de repente
no meio da sombra
o meu braço cingia a tua cintura.
Nem a noite nem o sono
puderam separar-nos.

Dormi contigo
e, ao acordar, tua boca,
saída do teu sono,
trouxe-me o sabor da terra,
da água do mar, das algas,
do âmago da tua vida,
e recebi teu beijo,
molhado pela aurora,
como se me viesse
do mar que nos cerca."

Os Versos do Capitão
Pablo Neruda

março 13, 2006 11:57 AM  

Postar um comentário

<< voltar