sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Sem Palavras Nem Coisas

O amor
não tem tempo, e dura no que amaste.
Dura de repente nos olhos abertos e
a água que respira no flanco dos animais
bocejando devagar a chegada da noite e das
redes e os passos mornos dos caçadores,
e as luzes escancaradas do silêncio.
Dura
esticado nas árvores, dura mansamente sem
palavras nem coisas, sem tempo para
aguardar as mãos do caçador e as redes
mornas respirando sobre a água: aquilo
que amastes perdura.

António Franco Alexandre